Os caminhos para o sucesso de Round 6
(Divulgação/Netflix) |
‘Round 6’ (Squid Game), tem sido um tremendo sucesso mundial, impactando até o último dia (06) deste mês mais de 165 milhões de pessoas. Apenas no Twitter, foram mais de 110 mil menções. Ao redor do mundo, Round 6 alcançou o primeiro lugar do Top 10 da Netflix em 90 países diferentes, e a expectativa dos especialistas é que passe os números de audiência da série britânica ‘Bridgerton’ (atual recordista em público), que acumulou mais de 82 milhões de espectadores após o lançamento no Natal de 2020.
A Netflix costuma apostar em séries originais que geram retornos financeiros expressivos, a empresa é consolidada como a número um entre todo o mercado de streaming, porém, para entender o sucesso de ‘Round 6’ é preciso ir muito além.
A Coréia do Sul (onde a série foi produzida) tem investido no audiovisual de maneira consistente, calcada pelo amplo apoio do governo em políticas públicas que fortalecem a cultura e a contribuição de grupos privados. Uma das principais políticas foi a criação de um sistema de cotas para filmes nacionais nos cinemas do país, visando transformar a produção cinematográfica coreana.
(Divulgação/Koreapost) |
Com a popularização do cinema e o sucesso de bilheteria de diversos filmes, grandes conglomerados empresariais, como Samsung e Hyundai, passaram a investir ao perceber que eram negócios lucrativos. Com uma coisa levando a outra, também houve um relevante apoio do poder público e da iniciativa privada para a criação de festivais de cinema locais, como o de Busan, um dos mais importantes da Ásia.
Por isso, não é surpresa ver longas como ‘Oldboy’ (2003), ‘O Hospedeiro’ (2006), ‘A Criada’ (2016) e ‘Em Chamas’ (2018) se destacando no mercado internacional - conquistaram prêmios e atraíram atenção para o cinema que é produzido na Coreia do Sul. Até chegar no ápice de ‘Parasita’ (2019), principal destaque do Oscar de 2020, levando o prêmio principal da noite, o de Melhor Filme, primeiro a conquistar a honra como filme de língua não inglesa.
Oldboy (Divulgação/Show East) |
As consequências do apelo popular e os prêmios fizeram com que a Netflix decidisse investir mais de 500 milhões de reais em produções coreanas em 2021. A empresa comprou dois gigantescos estúdios nos arredores de Seul (Capital da Coréia do Sul) e confirmou a refilmagem coreana da produção espanhola ‘La Casa de Papel’. Os diretores organizaram um evento para anunciar novos projetos no país asiático: “Espectadores do mundo inteiro estão se apaixonando pelas histórias, pelos artistas e pela cultura sul-coreana”, declarou o representante local da empresa.
Portanto, ‘Round 6’ é consequência de um planejamento longo e de larga escala. O projeto tem como enredo a história de Seong Gi-hun (Lee Jung-jae), cuja vida financeira está em apuros. Ele aceita o convite para participar de um jogo com um prêmio bilionário para quem chegar até o final. Além dele, está um grupo de mais de 400 pessoas competindo pelo dinheiro. Porém, ao chegar lá, o protagonista descobre que apenas um sobreviverá.
(Divulgação/Netflix) |
O caráter universal da série é o que mais chama atenção, com um mundo cada vez mais dividido pela desigualdade socioeconômica, a produção sul-coreana poderia se encaixar perfeitamente nos moldes da cultura brasileira, como em outros países que sofrem dos mesmos problemas.
De referências que vão desde a necessidade de sobrevivência do movimento cinematográfico neo-realismo italiano da década de 1940 ao universo da cultura pop moderna dos filmes da saga Jogos Vorazes, a série consegue conquistar a audiência através de um modelo relevante para os nossos tempos. O horror sangrento também não é deixado de lado, assim como o simbolismo das obras do clássico cineasta Stanley Kubrick.
Com a repercussão da primeira temporada, o criador da produção, Hwang Dong-hyuk, afirma que havia pensado a narrativa apenas para uma temporada. Porém, com o êxito em massa, ele sugeriu alguns caminhos que gostaria de seguir caso opte por realizar uma continuação da história.
(Divulgação/Netflix) |
Assisti valeu a pena!!
ResponderExcluirO Holofote Jornalismo agradece a sua participação!
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