Conhecendo Succession
(Divulgação/HBO Max) |
Succession estreia sua terceira temporada na noite de hoje (17). A série coleciona prêmios (8 Emmys, incluindo Melhor Série Dramática em 2020) e vem conquistando público e crítica. A trama segue a família Roy, composta por Logan (Brian Cox) e seus quatro filhos, que controlam um dos maiores conglomerados de meios de comunicação e entretenimento do mundo. Logan busca um sucessor para o seu legado, alguém que assuma todos os negócios da marca. Com isso, há uma disputa entre seus filhos na luta para ser o substituto no comando de tudo.
As referências da produção são variadas e trazem complexidade ao enredo. A dramaturgia clássica da peça de Shakespeare, ‘Rei Lear’ (1606), é destacada entre as inspirações do projeto. Na obra do autor britânico, Lear é um rei idoso da Grã-Bretanha que decide se afastar do trono e dividir o reino entre suas filhas. Para ter certeza da lealdade, ele as testa exigindo uma resposta à sua grande questão: o quanto elas o amam. Suas filhas mais velhas, Goneril e Regana, dão ao pai respostas animadoras.
Rei Lear (Divulgação/Páginas de Delphi) |
O precursor da história de filmes de máfia, ‘O Poderoso Chefão’ (1972), de Francis Ford Coppola, também é uma forte influência para a série. No longa da década de 70, Don Vito Corleone (Marlon Brando) é o chefe de uma família mafiosa de Nova York. O grupo luta para estabelecer sua supremacia nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. Após uma tentativa de assassinato à Corleone por parte de uma máfia rival, ele se vê incapacitado a continuar a liderar seu império, e força os filhos Michael (Al Pacino) e Sonny (James Caan) a assumir os negócios.
Em Succession, a narrativa é parecida, mas Logan Roy (líder da família) sente muita dificuldade em encontrar alguém para sucedê-lo, o que resulta numa disputa de poder árdua entre os irmãos, extremamente motivados para conquistar o título de número um no comando do gigantesco conglomerado de atividades que impactam todo o mundo da comunicação e entretenimento em massa.
O Poderoso Chefão (Divulgação/Alfran Productions) |
Quase todos os personagens de Succession são caracterizados por figuras que por diversas vezes causam repulsa e ódio no espectador. Criados por um pai rígido e sem escrúpulos, eles acabam carregando parte dessa essência no dia a dia, além de serem marcados pela posição burguesa de privilégios da alta sociedade estadunidense. Mesmo com o viés que pode afetar uma parcela do público pelos traços da falta de empatia aos personagens, tudo é tão bem construído, que a dinâmica entre eles é primorosa e contagia a audiência a cada cena.
O roteiro é sempre afiado e ácido, trazendo um humor sombrio à narrativa. Com isso, a série transita entre o trágico e o cômico em questão de segundos e faz prevalecer a excentricidade de cada figura, sempre presentes em contextos que soam absurdos para a grande maioria da população do mundo contemporâneo. Cada episódio carrega consigo uma roupagem cinematográfica, não parece que estamos acompanhando uma série, e sim partes de um filme.
(Divulgação/HBO Max) |
A questão política intrínseca à conjuntura remete muito à outra série de sucesso da HBO, ‘Game Of Thrones’ (2011-2019). O jogo pelo trono de Westeros é levado para o realismo da disputa capitalista corrupta do cotidiano norte-americano. Por isso, não seria errôneo projetar em Succession a possível nova grande série que dominará o mundo do streaming nos próximos anos, assim como a trama fantástica de Jon Snow e Daenerys Targaryen fizeram, conquistando milhares de fãs ao redor do mundo.
Game Of Thrones (Divulgação/HBO Max) |
Por Vinícius Galan
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