Diversidade em pauta: Pessoas Intersexuais

(Foto: Divulgação: Shutterstrock)

Conhecendo a intersexualidade

O intersexo diz respeito a pessoas que, quando nascem, apresentam variações biológicas referentes às características sexuais, o que faz com que elas não se encaixem nas típicas noções binárias de masculino e feminino.

Tradicionalmente, os sexos são determinados de maneira cromossômica (XX para mulheres e XY para homens), através dos genitais externos (vagina e pênis) e de sistemas reprodutores internos ou gônadas (ovário e testículo). No intersexo, essas divisões não são tão claras. Sendo assim, é possível que alguém nasça com algumas características de um dos sexos e outras pertencentes ao sexo oposto, ou até mesmo características iguais de ambos, mas sempre em níveis diferentes.

Estima-se que a população mundial seja de 7,7 bilhões. Segundo estudos realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), entre 0,5% e 1,7% da população nasce com características intersexuais. Sendo assim, entre 38,5 milhões e 130,9 milhões de pessoas nascem com essas condições.

Uso correto da denominação

Antigamente, aqueles que apresentavam as características intersexuais eram chamados pelo nome de hermafroditas.

Essa palavra tem origem grega e faz referência a um mito da época antiga. Nele, é contado a história de Hermafrodito, um rapaz que atrai a atenção de uma ninfa, que se apaixona por ele. Ela não tem o seu amor correspondido, e com isso, pede para que os deuses os tornassem um único ser. O pedido é atendido e os dois passam a habitar o mesmo corpo, apresentando as características biológicas completas dos sexos feminino e masculino ao mesmo tempo.

No entanto, essa palavra entrou em desuso, porque dentro da espécie humana, não existem pessoas que possuem simultaneamente um aparelho reprodutor tanto masculino quanto feminino completamente formado, algo que é mais comum entre os animais e as plantas. Sendo assim, ela é incorreta, além de ter uma conotação pejorativa. Como visto antes, as variações ocorrem sempre em níveis diferentes.

(Foto: Divulgação/Medium)

A descoberta

A intersexualidade pode ser descoberta já no nascimento, durante a puberdade, ou até mesmo na fase adulta. Tudo depende da forma como ela se manifesta. Se é algo que envolve uma questão externa, como é o caso dos genitais, é percebido assim que a pessoa nasce. No entanto, se envolve os elementos internos, a intersexualidade só é descoberta quando o corpo começa a se desenvolver.

Para lidar com a intersexualidade, muitas vezes essas pessoas são submetidas a cirurgias de cunho normativo, onde o objetivo é adequar o corpo a um dos sexos, que acontecem normalmente nos seus primeiros anos de vida.

Especialistas e ativistas defendem que essas cirurgias devem ser feitas somente quando a pessoa já é mais velha, pois com o passar do tempo ela já desenvolveu as características externas do sexo predominante em seu corpo, além de que a pessoa tem a possibilidade de escolher realizar o procedimento ou não, já que o corpo é dela.

Ao se descobrirem intersexuais na fase adulta, as pessoas acabam sendo confrontadas sobre quem elas são. Quando foram alvo de cirurgias na infância, é comum haver inconformidade em relação aos procedimentos. Muitas vezes acabam realizando ainda mais cirurgias para reconstruir os órgãos que lhes foram retirados. Isso acontece porque há uma discrepância entre o sexo que escolheram por elas e o sexo com o qual elas realmente se identificam. Além disso, também iniciam uma busca para descobrir o que realmente aconteceu com elas.

(Foto: Divulgação/MReport)


Ausência de debate público e as possibilidades para um futuro promissor

O tema intersexualidade é pouco discutido atualmente, tanto academicamente quanto na sociedade civil. Devido a isso, ainda pode ser considerado tabu dentro do âmbito público. 

É a partir disso que muitas pessoas acabam fazendo uso do tema de maneira antiética e inadequada, a falta de acesso à informação na formação corrobora para a perpetuação de preconceitos, mesmo que involuntários. Isso atinge, também, principalmente, e com impacto imenso, as próprias pessoas intersexuais que se descobrem com estas características genéticas tardiamente, na fase adulta. Uma consequência imperdoável e danosa, resultante da ausência de informação e debate desde cedo. 

Um dos possíveis caminhos para que tenhamos um futuro mais promissor destinado à essas pessoas seria a implementação da disciplina educação sexual como matéria de ensino básico educacional público, com a tarefa sendo delegada à profissionais que possuam alto embasamento pedagógico, teórico, prático e científico, fomentando assim, o diálogo. 

Sempre com a ciência da responsabilidade que é lidar com esta abordagem.


Por Augusto Ferreira e Vinícius Galan

Comentários

  1. O sexo genético é determinado por critérios científicos e específicos! A sexualidade sugere ser o conjunto de percepções e gostos dos humanos. Tanto Miguel Couto quanto Renato Kehl, ficaram devendo explicações plausíveis sobre este fato biológico romanceado no Mito Grego, mas palpável e real "neste tempos." O sexo é uma das "emoções que" Maslow havia indicado ser uma das necessidades básicas, e segundo crenças conhecidas tem a força de mover o mundo real e imaginário, considerando que (só)os "humanos" copulam com ou sem vontade. Tudo que é desconhecido causa estranheza e curiosidade. Ser hermafrodita pode até ser considerado (a) um ponto "fora da curva". As inquisições morais devem ficar ignorantes sobre isto! Talvez Criacionismo! Talvez Evolucionismo! Talvez...seja isso mesmo...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas