Rota 66 - A História da Polícia que Mata - Resenha do livro
Déjà vu - A violência se repete
O ano é 1964 e Castelo Branco assume as rédeas do país em um hábil Golpe de Estado. Cláudio Barcellos de Barcellos, ainda com seus quinze anos, assiste de Porto Alegre, sua cidade natal, a lista de desaparecidos da ditadura crescer. Os homens fardados. A desconfiança. A ânsia. O tiro fatal. Fatalidade? Os documentos oficiais. Os oficiais heróis. Os inocentes bandidos bons porque mortos.
Capa do livro Rota 66 - A História da Polícia que Mata
Caco Barcellos não imaginava que cresceria para ser jornalista. Jornalista, repórter e escritor, perito em jornalismo investigativo. Não imaginava que cresceria para contar a história da polícia que mata como os militares, disfarçando seus crimes com os mesmos pretextos e se valendo das mesmas táticas. Rota 66 pareceria um livro como os outros, um thriller assustador, se tudo aquilo contado em primeira pessoa e os episódios narrados nos mínimos detalhes não fossem a mais pura verdade.
É verdade que Pixote foi morto em São Bernardo dos Campos pela Polícia Militar. Também aconteceu mesmo a perseguição ao fusca azul, aos três adolescentes de classe média que chamaram a atenção dos jornais por diferirem das típicas vítimas da Rota. E pode ser difícil de acreditar, mas o cantor intérprete de Roberto Carlos, reconhecido em seu bairro por ser fã da polícia, realmente morreu por seus ídolos sem ter a chance de pedir um autógrafo.
A polícia brasileira matou mais inocentes do que a Primeira Guerra Mundial: é um dos dados mais impressionantes retratados no livro, uma prova da guerra injusta entre os armados de distintivo e os civis, a maioria trabalhadores negros e jovens, moradores da periferia. São os invisíveis sociais o maior alvo das Rotas Ostensivas Tobias de Aguiar, razão pela qual grande parte da população ainda se mostra alheia à violência policial. Os sintomas desse desconhecimento estão na boca do povo, que prefere arriscar ter uma democracia aos moldes da ditadura para ter segurança. Os sintomas desse desconhecimento estão nas mãos de 55,13% do povo.
O ano é 2018 e Bolsonaro assume as rédeas do país em uma hábil campanha eleitoral. Cláudio Barcellos de Barcellos, já com seus cinquenta anos de carreira, assiste de São Paulo o que “não dá pra descrever numa linda frase de um postal tão doce. Cuidado com o doce”.
Por Ariane Oliveira, Augusto Ferreira, Beatriz Fontes e Vinícius Galan
Que legal Vini, vou tentar te acompanhar. Anraço.
ResponderExcluirO Holofote Jornalismo agradece a sua participação!
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